Capítulo 43

Abri os olhos e me deparei com a claridade da luz do dia. Senti minhas costas doerem e só então notei que tinha dormido no sofá da sala com Harry. Ele estava desacordado, com as mãos presas em minha cintura, respirando calmamente em meu pescoço. Otto lambeu minha mão e eu me senti obrigada a levantar. Ele precisava comer e eu também. Quero dizer, Zoe também. Acho que a fome era mais dela do que minha.

Calcei os chinelos e deixei Harry sozinho no sofá. Cocei os olhos enquanto procurava o caminho certo pra cozinha. Ainda não me acostumei com esse apartamento enorme. Harry é louco de comprar algo tão grande para três pessoas!

– Você deve estar com muita fome, né? – falei com Otto enquanto media a quantidade de ração na vasilha.

Queria que ele me respondesse as vezes. Falar com alguém e não ser respondido é muito frustrante!

Abri a geladeira e os barulhos de garrafa tilintando se fizeram alto. Isso me lembrou que estava com sede. Porém de barriga vazia, não dá pra beber água de uma só vez. Apanhei um iogurte e uma barra de chocolate. Derreti a barra no micro-ondas e adicionei ao pote de iogurte. Estranho, gosmento... Mas gostoso! Muito gostoso.

– O que é isso dessa vez?

Era a voz rouca de Harry, avisando que ele acabara de acordar.

– Iogurte com chocolate. – respondi limpando a boca da mistura maluca. Harry fez uma cara de nojo e abriu a geladeira.

– Dormiu bem? – perguntou com um sorriso, voltando para me beijar. – Bom dia, princesa. – se agachou pra beijar minha barriga.

– Minhas costas estão detonadas! Não deveríamos ter dormido ali.

– É, eu sei. – ele riu. – Tive pena de te acordar, então preferi ficar no sofá mesmo. A paisagem esteve linda de madrugada.

– Ficou acordado a madrugada inteira?

– Você estava falando enquanto dormia.

– De novo? – sorri fraco e lavei as mãos na pia. – Eu juro que não é de propósito.

– Tá, mas o que você estava fazendo com o Zayn? Você estava gemendo o nome dele.

Parei tudo o que fazia e procurei um histórico de pensamentos no consciente. Ai, meu Deus! O que eu sonhei com o Zayn na presença de Harry?

– H-harry...

– É brincadeira! – disse caindo na gargalhada. Bufei alto e taquei o pano de prato nele, enquanto o idiota ria do desespero alheio. – Eu tinha que ter gravado a sua cara. – disse se aproximando e me encurralando entre a pia e seu peito. – Mas nem ouse em ter esses tipos de sonho se não for comigo. Entendeu? – me fitou sério.

– Você não pode me proibir.

– Ah, não?

– Não. – sorri maliciosa.

– Quer ver como eu posso? – me puxou pela parte traseira das coxas e me pôs sentada na bancada.

– Bom dia! – Hollie apareceu na cozinha.

Harry sorriu daquele jeito sem graça e eu desci da bancada, enquanto roubava uma maça da cestinha ao lado.

– Foi embora cedo ontem, Hollie. O que houve? Nem me preparou uma sobremesa! – Harry fez beicinho enquanto ia em direção á ela de braços abertos.

– Mas vocês nem jantaram! – ela o encarou com os olhos estreitos.

E isso aí que acontece quando Harry é pego no flagra e fica nervoso. Só sai besteira da boca. Balancei a cabeça e saí da cozinha antes que começasse a gargalhar feito uma louca.

– Verdade. Não jantamos, mas... Eu gostaria mesmo assim.

[...]

Passei a tarde inteira no estúdio com os meninos. Eles estavam fazendo os ajustes no novo álbum, gravando algumas partes, uma coisa ali e outra aqui, não muito trabalho. Ed estava lá com a gente, mas apenas observando o trabalho dos meninos e zuando um pouco. Pelo o que parecia, tinha rumores rondando por aí de que o filho que eu esperava não era de Harry, não passava de um golpe da barriga. O verdadeiro pai era Ne-yo e outros diziam ser de um dos produtores do próprio.

Enfim! Resumindo em curtas palavras... Fiquei com fama de puta!

Harry não se importava com isso, levamos pro lado da brincadeira, o que fez os meninos fizessem milhões de piadinhas com o pobre do Styles. Josh chegou depois junto com o Daniel e fizemos, nós três, uma breve twitcam. Não era pra ser uma Twitcam na verdade, Josh queria apenas me apresentar ás irmãs dele. Ele sempre disse á elas sobre mim e pelo o que ele diz, elas são apaixonadas por dança. As directioners descobriram o link e acabou espalhando, espalhando... Aí você já sabe.

Depois quando a fome bateu, Josh e eu fomos almoçar no bistrô do estúdio, enquanto os meninos davam uma revisada em algumas letras. A nova namorada dele, Kate, chegou logo depois pra nos fazer companhia. Ele tanto disse que não ia namorar, não ia se apaixonar e acabou sendo fisgado pela mocinha dos olhos azuis. Ela era baixinha, menor que eu, e tinha corte Chanel, como nos anos 20. Ela era a fofura em pessoa, apesar de Josh aparentar o tipo garanhão, descolado, os dois combinavam perfeitamente.

Nós duas até combinamos de sair juntas, apenas um encontro de mulheres, pra ir á um cinema ou coisa do tipo. Ultimamente não tenho mais a Dani pra esses tipos de coisa entre amigas, já que ela continua dançando pelo mundo a fora, diferente de mim, que agora sou... Mamãe. Mas isso não vai ficar assim por muito tempo. Graças a Deus! Já firmei um contrato com uma nova empresa, consegui um escritório em um estúdio de Artes e estarei participando da criação de coreografias, videoclipes e essas coisas. Dançar mesmo, só quando Zoe estiver maiorzinha. Um pouco mais tarde.

Voltamos para o estúdio e Kate foi embora. Ela tinha que encontrar com a mãe para acompanhá-la numa fisioterapia e Josh desejou melhoras á sogrinha. *risos. Assim que entramos no estúdio, me assustei pela escuridão que prevalecia. Logo as luzes foram acesas e a faixa "Chá de bebê da Chris" foi revelada em meios aos pulos e gritos esquisitos dos meninos. Até Eleanor estava lá e eu nem tinha visto ela chegar.

 – Mas você ficaram loucos, foi? – adentrei o estúdio boquiaberta e eles riram.

– Eleanor, me traga o pano! – Louis ordenou.

– Ei, pra que isso? O que vocês...Ei! Ou! Parem com isso! – comecei a ficar tonta, conforme Louis apertava aquele pano escuro em meus olhos. Por que ele estava me vendando?

– Bem vinda ao chá de bebê! – Eleanor disse segurando minha mão e me levando para se sentar em algo, que eu supunha ser uma cadeira giratória, porque eu balancei um pouco na hora de sentar. Até que era confortável pra minhas costas.

– Tudo bem. Obrigada pelas boas vindas, mas... EU NÃO CONSIGO ENXERGAR!

– Relaxa, é só o início da brincadeira.

– Bem sem graça por sinal. – resmunguei.

– Shhh!

– Não me manda calar a boca, Zayn.

– Foi o Liam!

– Quem disse isso? – mexi a cabeça de um lado pro outro.

– Chris! Só entra na brincadeira, ok? Relaxa! – era Harry. Assenti e então eles começaram a cochichar algo para que eu não ouvisse.

– Ok! – Niall falou alto, por cima dos cochichos. – Então começa pelo papai, que é o Harry.

– Começar o que? – perguntei curiosa, sentindo ele se aproximar.

– Vou desenhar algo na sua barriga e você tenta adivinhar depois. – ele disse dobrando minha blusa até o colo e passando uma ponta gelada na minha barriga. Acho que era uma caneta piloto. – Ok. Pode adivinhar.

– Ermm... Uma, uma... Borboleta? – ergui uma sobrancelha.

– Droga! Ela acertou. – ele reclamou e os meninos riram.

– Era de se esperar, né, Harry? – Louis disse debochado. – É minha vez! – disse se aproximando de mim. Logo começou a mesma sensação de estar sendo rabiscada e dessa vez era mais intenso. Louis devia estar pintando minha barriga inteira.

– Posso?

– Pode. – ele permitiu.

– Listras! – sorri largamente e Louis bufou.

– Cara, ela é boa nisso! – ele foi reclamando enquanto se distanciava.

A brincadeira continuou e quase todos os desenhos eu acertava. Até os mais absurdos que vieram de Niall e Eleanor. Aqueles dois não tem limites pra certas brincadeiras. Não mesmo! Eles desenharam um pinto na minha barriga! E não é um pinto, filho da galinha não. Depois eles me desvendaram e partiram para a nova brincadeira.

Adivinhar os presentes!

Eu acho que podia me sair bem nessa, já que nos meus aniversários, minha mãe sempre fez essa brincadeira entre eu e as minhas amigas. Porém brincar com os meninos e Eleanor é um imprevisto! Eles são muito surpreendentes, nunca sei ao certo o que estão aprontando.

O primeiro embrulho era de Zayn e tinha uma forma estranha. O papel era rosa e tinha um laço branco na ponta com mensagens curtas pelo tecido.  Sacudi de um lado, de outro, mas não fazia barulho. Eu só tinha três chances ou receberia uma tortada na cara. Sim, uma tortada! Mas não era uma torta de verdade, apenas pratinhos de plástico com espuma para barbear. Mesmo assim eu não queria sujar minha cara.

– Última tentativa!

– Tá, tá... Não me apressa! – respondi Zayn, sem deixar de se concentrar na caixa. Analisei mais um pouco, calculei o tamanho, as coisas que poderiam caber ali dentro e... – É uma mamadeira?

– Aff! Cara, você está roubando! – ele disse desmanchando a alegria de me ver desesperada por uma tortada. Ri e o abracei, mordendo sua bochecha, arrancando-o um grito de dor.

– Eu sou experct, meu amor! – me gabei enquanto pegava outro embrulho.

– E eu também! – apenas escutei Louis dizer e logo não estava enxergando nada. Apenas sentia algo deslizando no meu rosto.

Ah, idiota!

– LOUIS!

Os meninos apenas riam enquanto eu tentava limpar o rosto.

– Tá rindo?

Caminhei com uma torta na mão e acertei o rosto do Boo bear, que já me acertou outra na sequência. Harry foi tentar se meter pra me ajudar e acabou levando uma do Boo.  *risos. Eleanor riu do Harry e Louis perguntou do que ela tava rindo. Assim que a coitada foi explicar ele acertou a torta nela, na intenção de fazê-la comer a espuma.

O.K eu ri muito!

[...]

– Vai precisar de um banho muito caprichado, senhorita! – Harry disse fechando a porta do apartamento, enquanto entrava comigo em seu colo. Não, eu não estava passando mal. Ele só queria fazer graça mesmo.

– Eu sei e eu estou toda melecada!

– Quer que eu te ajude? – sussurrou perto do meu ouvido e abriu a porta do banheiro.

– Você me ajuda?

– Ajudo. – sussurrou de volta, sorrindo levemente.

Ele me colocou com delicadeza no chão e tirou minha blusa de manga. Estiquei a mão e liguei as torneiras da banheira. Harry terminou de tirar minha calça jeans e começou a tirar as próprias roupas. Entramos juntos na banheira e ele me pôs sentada entre suas pernas, enquanto passava a esponja com espuma da banheira em minhas costas. A noite começava a sair lá fora, podíamos enxergar isso do basculante do banheiro. A lua estava visível essa noite e algumas luzes dos postes lá fora já começavam a se acender.

– Que tal jantar fora hoje? – Harry perguntou subindo a esponja para meus ombros.

– Que tal só ficarmos aqui e assistir um filme?

– Hm, só?

– A gente faz pizza!

– Hm, tá começando a melhorar.

– E pipoca, talvez até aquelas panquecas que você gosta.

– Fechado! Vamos ficar em casa.

Ri e me virei para selar nossos lábios.

– Zoe vai agradecer por isso. – disse alisando minha barriga levemente.

– Não, eu acho que ela preferia sair, assim como eu.

– Eu sei o que ela está pensando, Harry. E digo que ela queria estar aqui.

– Pumft!

– Ah, tá duvidando?

– Com todas as minhas forças!

– Legal. Então vamos apostar?

– O que você quer? – perguntou ele desconfiado.

– Um chute, vamos ao restaurante. Dois chutes, ficamos em casa e você prepara tudo o que prometi fazer pra você.

– Esperava algo melhor de você. Está ciente de que vou vencer, né? Não, eu to avisando agora pra você não chorar depois.

– Há há, Harry. Você é muito engraçado. – debochei.

– Ok. Então Zoe, o que você prefere? Ficar em casa como a mamãe ou sair como o seu papai bonitão, gostosão e que só faz escolhas certas?

Cotovelei a barriga de Harry e ele riu. Colocamos nossas mãos, juntas, na minha barriga e Zoe deu um chute, em seguida outro e mais dois.

– Quem ia ganhar mesmo? – me virei para encarar Harry e ele revirou os olhos.

– Tudo bem , ficaremos em casa. – disse se dando por vencido. Ri e o beijei. – Mas eu escolho o filme!

– Espero que não seja terror, porque senão vai ver sozinho.

– Tá com medinho? – disse se levantando da banheira e buscando o roupão.

– Eu não tenho medo de nada, tá bom?

– Búú! – Harry apagou a luz do banheiro e saiu correndo.

– HAAAARRRY!

Vas happenin?

Harry malvado no final. hahahah

Gostaram do cap.?

Malikisses, Biia.

Capítulo 42

– Harry S.

Só faltam mais três meses. Nunca contei tanto na minha vida. Nosso novo apartamento já está pronto, o quarto de Zoe está perfeito, só a falta a chegada dela. Christinne está diferente de alguns meses atrás, está... Perfeita. Ela pode não perceber, mas fica linda quando está tentando levantar da cama pela manhã com aquela barriga redondinha e ainda reclamando pra si mesma, porque tinha que engordar tanto. Outra coisa que ela não sabe, é que não engordou tanto. Tudo não passa de uma ilusão da cabeça de uma mulher grávida. Ela continua sendo a mesma princesa, com o mesmo corpo perfeito, apenas com uma barriga maior.

As vezes ela chora do nada, briga comigo e até taca objetos pra me acertar. Um dia desses foi um porta retrato. Mas eu não me importo. Ela só fica mais linda com raiva e eu cada vez mais um idiota apaixonado. Se não tiver paciência, não estarei preparado pra ser um pai de verdade. Os caras dizem por aí que as mulheres na gravidez se transformam em um demônio.

Bom, talvez isso possa acontecer uma vez ou outra, mas sempre que isso acontece, é impossível não notar o lado sensível que existe presente ali. E esse lado, senhoras e senhores, é extremamente sexy. É, uma grávida pode ser sexy sim. Christinne consegue ser incrivelmente sexy, mesmo carregando Zoe. Ela não acredita muito quando eu digo e até discute, mas ela pode dizer o que quiser, porque eu continuarei achando isso. Espero não ter trabalho com Zoe, daqui há alguns anos, se ela vier com a genética idêntica a da mãe. 

E falando nela, encontrei-a sentada no sofá da sala, dobrando as roupinhas novas de Zoe. Minha mãe veio nos visitar ontem e veio cheia presentes, junto com a Gemma. As duas preferiram ficar hospedadas em um hotel porque não queriam nos incomodar e nem adiantou eu ameaçar trancá-las dentro de casa porque elas foram do mesmo jeito.

– Gostou de todas? – me sentei ao seu lado.

– São lindas. – disse sorrindo. – Olha essa! – esticou uma pecinha de vestido vermelho com bolinhas brancas. 

– Uhum, é fofo.

– Vai ser uma pena ter que dar tudo isso depois que ela crescer mais um pouco. 

– A gente guarda para as próximas. 

– Próximas? – me olhou assustada. – Não vai ter próximas, senhor Styles. Eu não sou coelha!

– Tudo bem. Ficaremos só na 'prática'. – sorri de canto e ela bateu em meu braço com as bochechas coradas. – Não me bata! Dessa vez estou certo. Nossa prática levou a perfeição.

Ela sorriu e pulou em cima de mim, beijando minha bochecha, testa, nariz, boca, queixo... Tudo o que alcançava e eu apenas ria.

– Você deveria ser processado por excesso de fofura. – disse apertando meu nariz e deixando um beijo em cima. 

– E você por excesso de gostosura. – segurei-a pela nuca e mordi seu lábio inferior. Logo se tornou em um beijo e estava mais intenso do que eu imaginava pra aquele momento.

– Para Harry. – empurrou meu peito, se sentando ao meu lado novamente.

– O que?! Ah, não, Christinne!

– O que é? – perguntou desinteressada, dobrando as roupinhas novamente.

– Tá falando sério?

– Do que Harry? 

– Ah para!

– Aff.

– Vai me deixar na vontade?

– Tô grávida, Harry.

– E daí? – ela me olhou com a sobrancelha arqueada. – Nós não vamos machucar a Zoe, o doutor Thomas recomendou, lembra?

– Só tá dizendo isso porque tá necessitado. – olhou pra minha calça e riu de leve.

– Seis meses, Chris! – exclamei desesperado. – Já estou quase desaprendendo sobre sexo.

– Oh, coitado.

– Eu tô falando sério!

– Você não disse que ia sair? Não tinha algo pra resolver no estúdio com os meninos?

– Não muda de assunto, olha pra mim. – falei sério e ela sorriu de canto. Ótimo, sinal verde!

      

[....]

– Chris

Já fazia alguns minutos que Harry tinha saído e eu estava no absoluto tédio agora. O apartamento sem ele não é a mesma coisa. Quero dizer, tem a Zoe pra conversar, mas ela só me responde com chutes, então nem sempre é legal. A pesada dela dói. E muito! Algumas mães que eu conheço da academia de Yoga, dizem que adoram sentir os chutes de seus bebês, que é maravilhoso, mas eu não acho tão agradável. As vezes eu me acho uma extraterrestre no assunto gravidez.

Vesti meu casaco e peguei as chaves do carro. Uma voltinha no shopping com certeza vai aliviar minha falta do que fazer. Otto está dormindo desde a hora em que Harry saiu e a companhia dele não está interferindo em nada. Novamente voltou a ser um cachorro imprestável. Não vejo a hora desses filhotes nascerem, pra colocar o astral dele um pouco pra cima.

Coloquei o cinto e dei a partida na Land Rover. Hoje o portão automático estava um porre e minha paciência foi á baixo esperando aquele troço abrir completamente para que eu saísse. Durante o caminho até o centro, tinha um carro seguindo descaradamente, provavelmente paparazzis. Tive que tentar ser o mais rápida possível no trânsito, pra não dar chances de sair em nenhuma foto. Harry não quer que eu saia sozinha, então... É o mesmo que quebrar todas as confianças dele.

Desci no estacionamento e ativei o alarme do veículo. O estacionamento estava lotado hoje! Shoppings sempre estão tão cheios que dá impressão de estar em um show dos meninos. *risos.

Um pouco de barulho, movimentação, estava me fazendo bem. A lojinha para bebês, que antes eu e Harry visitamos, estava aberta e com poucos clientes. Decidi fazer uma horinha lá, sempre tem alguma novidade e eu amo novidades! Além do mais, as vendedoras são super simpáticas e já me conhecem, de tanto que eu venho fazer compra. 

Olhei o relógio de pulso e ainda eram duas da tarde. Não teria problema se eu ficasse o resto da tarde aqui, até porque Harry avisou que não chegaria tão cedo. E também a Hollie está lá em 'casa' hoje, pode fazer o jantar hoje á noite. Ela é um amor de pessoa e me ajuda bastante na limpeza da casa, então não gosto de chamá-la de empregada ou funcionária, algo do tipo. Ela é da família também. Harry perturba muito a pobrezinha... *risos. Ela está entre os quarenta cinco ou cinquenta anos, o que o faz chamá-la de Mommy de vez em quando.

Terminei de comprar algumas coisinhas e subi até a área de alimentação. Estava determinada a tomar o maior copo de milkshake de chocolate que tivesse no Mc Donalds. Acho que era mais um de meus desejos chocólatras. Já comi tanto chocolate nessa gravidez que ninguém faz ideia. Harry andou preocupado com esses tipos de desejo e o doutor Thomas pediu que eu moderasse um pouco.

Blargh! Dois chatos!

– Um milk shake duplo, por favor. – pedi ao caixa.

– Que tamanho, senhora?

– O maior que tiver. – respondi procurando minha carteira na bolsa. Percebi o olhar surpreso do caixa sobre mim e em seguida ele voltou com o copo gigantesco de chocolate.

Nunca imaginei que um copo de milk shake fosse me fazer tão feliz um dia. Estava parecendo uma criancinha que acabara de ganhar a primeira bicicleta. Entrei no elevador e verifiquei as horas novamente. Puxa! Como passou rápido? Quatro horas! Nem vi o tempo passar. Mas dizem que isso é normal quando estamos distraídos.

Assim é bom que eu chego á tempo de ajudar a Hollie a preparar um macarrão com almôndegas pra Harry. Sei que ele ama massa e vai ficar mais feliz ainda depois de um dia exaustivo no estúdio. Estou ansiosa para ir ao show dos meninos. Semana que vem, Harry me prometeu levar junto com os meninos para a Austrália, assistir um dos shows da turnê. Vou ter que passar por exames do doutor Thomas, porque com certeza ele só vai me liberar pra uma viagem, se tiver certeza de que Zoe está tranquila pra enfrentar as altitudes.

Sai do elevador e tirei a chave do carro de dentro da bolsa, enquanto procurava o carro. O estacionamento estava mais lotado que antes, parecia até carma! Como se não bastasse isso, tinha muitos Land Rovers em um só lugar, a maioria da mesma cor que o meu, e eu ainda nem tinha decorado minha placa. Me sinto uma burra quando esses tipos de coisa acontecem comigo, ainda mais que ainda tenho algumas mechas loiras desbotando. 

Caminhei para a segunda fileira de carros e apontei a chave com alarme para todos os Land Rovers que eu via, mas nenhum correspondia á merda do bipe. Pra completar, estava me sentindo perdida e seguida. Olhei diversas vezes pra trás, mas de humano ali, só tinha eu mesmo. E só de imaginar que ainda tinha mais umas vinte fileiras pra procurar o carro, minhas pernas já se davam por vencidas. A barriga não estava ajudando muito.

Curvei na terceira ala do estacionamento e dessa vez já podia escutar segundos passos. Meu coração acelerou, agora já não era mais brincadeira e tinha sim alguém se seguindo. Olhei pra trás e uma sombra negra se escondeu atrás de uma pilastra. Pus a mão na boca pra evitar o grito de susto e voltei a andar o mais rápido que podia em direção ao elevador. Foda-se carro, casa, eu preciso de ajuda!

A cada três passos, eu olhava pra trás e toda vez que isso acontecia, a figura se escondia em uma pilastra. Segurei firme a bolsa debaixo do braço e dei uma leve corrida. Nenhum carro chegava no estacionamento para que eu pedisse socorro e tudo o que eu conseguia fazer enquanto andava rápido, era procurar o celular na bolsa pra ligar para o primeiro da lista, pedindo ajuda.

O elevador estava á metros e mais metros de distância. A primeira lágrima já descia do meu olho ao saber que não aguentaria fugir por muito tempo e quem quer fosse, estava se aproximando cada vez de mim. "Harry, mãe, eu amei muito vocês. Zoe, espero que você fique bem. " Era tudo que eu conseguia pensar. O desespero só aumentou ao escutar pneus cantando no estacionamento e o barulho de um motor potente se aproximando de onde eu tentava fugir. 

Pronto! Agora fudeu!

– Entra no carro! – Harry gritou de dentro do Audi e abriu a porta do carona. Praticamente me joguei dentro do carro e ele arrancou na velocidade máxima do estacionamento, fazendo curvas estreitas na descida espiral do estacionamento. – O que eu disse sobre não sair sozinha? Hein? – Harry gritava, apenas me olhando pelo espelho retrovisor pra não bater com o carro pela rua. Só conseguia ver a cidade lá fora em flashes e não controlava o choro de medo. – Me responde! Caralho!  

– Eu só quero a minha casa. – encostei no banco do carro, aos prantos.

                                                                                  [....]

– Para da tremer. Toma! Beba um pouco. – Harry sentou ao meu lado no sofá, me entregando uma xícara de chá e me abraçando em seu colo. Suas mãos estavam fazendo um carinho confortável na minha barriga. – Eu não sei do que seria capaz se te machucassem ou machucassem a Zoe. – disse olhando fixamente, e seriamente, para a parede da sala. – Quando eu disser pra você não fazer uma coisa... Não faça! É difícil isso?

– Eu só estava entediada aqui sozinha, Haz. Como eu ia saber que isso ia acontecer? – funguei o nariz.

– Por que não me ligou? Eu te buscaria e você iria ficar comigo e com os caras lá no estúdio. – falou olhando pra mim. – Chris, aquele cara não estava pra brincadeira. Você entende a gravidade da coisa? Se eu te perdesse, eu não sei mais o que seria de mim.

Tentei controlar o choro, apenas por imaginar o que aconteceria comigo.

– Como sabia que eu estava lá?

– Eu liguei pra cá e Hollie disse que você estava no shopping. Foi apenas procurar um lugar pra estacionar que eu vi o vidro do seu carro quebrado.

– O que?!

– Por que você acha que ele estava te seguindo? – Harry ergueu as sobrancelhas.

– Eu ia ser s-sequestrada?

– Acabou esse assunto. – Harry me abraçou em seu peito e colocou a xícara na mesinha de centro. – Eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você, ok? Você sabe disso, não sabe? Ninguém vai te fazer mal.

Abracei sua cintura e escondi o rosto em seu peito, afogando as lágrimas. Sim, ele jamais deixaria que algo ruim acontecesse comigo. Lembro de quando sofri o assalto do carro e ele esteve ao meu lado, perseguindo o bandido, sem se importar com nada mais ao seu redor. Eu poderia ter morrido! Já é a segunda vez. Não me perdoaria jamais se algo acontecesse com Zoe. Eu não sei se sobreviveria com a ideia de ter sofrido um aborto com esse susto de hoje. Graças á Harry, tudo ficou bem. Eu não consigo explicar isso, mas entre eu ele, existe algo superior á uma simples relação de namorados ou noivos. Harry é meu anjo da guarda, meu super-herói. Ele tem um instinto sobre mim, assim como eu tenho sobre ele. Eu posso confiar isso de olhos fechados.... Harry jamais vai me deixar em perigo!

Abri os olhos e o encarei.

– Obrigada, Haz. Eu não sei o que aconteceria, se não fosse por você.

Ele sorriu e beijou o topo da minha testa, relaxando, assim como eu, no couro do sofá. A London Eye acabava de ser acendida e a primeira estrela já era notável no céu. Ficamos aconchegados um no outro, admirando a paisagem do sofá, como se fosse um programa de tevê.  Alisei minha barriga e repeti diversas vezes "Mamãe, te ama" mentalmente, para Zoe. Quero que ela saiba disso, antes que qualquer coisa de ruim aconteça comigo e eu não tenha tempo de dizê-la. Aprendi a não deixar pra amanhã o que podemos dizer hoje. Até porque, hoje pode ter sido bom ou ruim, mas o amanhã.... Pode simplesmente não existir. 

Vas happenin?

Hazza esgotando a paciência com a teimosia da Chris. hahaha

O que acharam do capítulo?  

Malikisses, Biia.