Capítulo 46






Harry S.

– Zoe vai nascer? – Gemma berrou no meu ouvido, o que me afastar um pouco telefone com os olhos cerrados. Já podia escutar todo mundo gritando e comemorando do outro lado da linha.
– É Gemma! Avisa a minha mãe e diga pra vir rápido. Eu vou desligar porque prometi ir pra sala de parto com ela.

Gemma já tinha desligado na minha cara. Bufei e guardei o celular no bolso, enquanto corria pra alcançar Chris e a enfermeira andando pelo corredor hospitalar. Elas entraram em uma sala pequena, com a mesma maca da sala anterior. Apenas as duas enfermeiras estavam na sala e já se preparavam para fazer o parto.

Andei até o lado da Chris e segurei sua mão.

– Pode fazer um pouquinho de força? – uma das enfermeiras pediu enquanto se posicionava entre as duas pernas de Christinne.  Oh, aquilo ia doer. Muito! – Mais um pouco, Chris!
– Eu não consigo, dói demais. – respondeu com a voz embargada.
– Calma, calma... Respira, ok? Isso é normal, tá? É só concentrar em empurrar o bebê pra fora. Vamos tentar de novo?

Ela assentiu e o processo se reiniciou. Eu via as expressões de dor em seu rosto. O suor descia, apesar do frio que se fazia tanto ali dentro quanto lá fora. Ela cravou as unhas em minha mão, quase me arrancando sangue, e então as veias da testa se alteraram, passando de verdes e pequenas, para roxas e gigantes. Acho que eu já era capaz de sentir a dor dela naquele momento.

– Rita! Vem aqui, por favor! – ela chamou pela ajuda da outra enfermeira.
– O que foi? Algo de errado? – olhei-a preocupado.
– Não, está tudo bem. Pode ficar calmo.

A outra enfermeira chegou e parou ao lado dela. As duas conversaram entre si e voltaram a pedir esforço da Chris, que aliás, já estava me preocupando com o seu estado sofrido.

– Vamos ter que levá-la para a sala de cirurgia.
– Há algo errado? – voltei a perguntar.
– Ela pode não aguentar o parto normal, não tem forças o suficiente. – a outra respondeu enquanto vinha com uma cadeira de rodas para colocá-la. – O senhor aguarda na recepção um pouco. Ela vai passar por alguns exames, depois o chamaremos de volta.
– Tudo bem. – respondi desolado, voltando para a recepção.

Minha mãe, Gemma, a mãe da Chris e os meninos estavam na recepção. Eles estavam animados por me ver voltando, com certeza, achando que Zoe já tinha nascido.

– E então? – Liam foi a primeiro a se manifestar.
– Ela foi pra sala de cirurgia. – falei preocupado, procurando um banco pra se sentar. Tirei a touca e baguncei o cabelo, pensando em algo que me fizesse ficar menos agoniado.
– Tá tudo bem, Haz. Ela vai ficar bem. – Gemma sentou ao meu lado e me abraçou, se encostando em meu peito. Sorri e acariciei o topo da sua cabeça, fazendo-a sorrir.
– Gemma tem razão! – minha mãe disse. – Agora só nos resta esperar para ver a Zoe.

Suspirei e deitei a cabeça no recosto da poltrona, olhando para o teto branco. Os meninos foram se sentando nos respectivos bancos e relaxando em seguida. Meus pés balançavam num ritmo insano, o nervosismo estava me domando  desesperadamente a cada segundo passado. O silêncio tinha tomado conta, ninguém preferia conversar, apenas o barulho do telefone da recepção que soava vez ou outra. Um crucifixo na parede esquerda, me fez lembrar do terço que tinha dado á Christinne quando ela embarcou para Dublin. Espero que ela o esteja usando hoje.

Como os meses se passaram rápido! Ontem mesmo eu estava discutindo com Christinne, me perguntando como seriam nossas vidas com um criança, imaginando em como Simon e as fãs reagiriam. Estava arrependido, imaginando o fim da minha vida quando Zoe nascesse, mas... Tudo mudou radicalmente!

Como que uma coisinha tão pequena pode nos transformar tanto? Sabe, eu ainda nem imagino como seja seu rosto, seu cabelo, seu jeito e já estou perdidamente apaixonado. Entro em euforia em apenas escutar seu coração batendo por trás das máquinas de ultrassonografia, com um simples chute.  Tão pequena e tão avassaladora...

 – Senhor?

Uma voz misteriosa despertou a atenção de todos. Para fim de suspense, era a enfermeira.

– Sua mulher está entrando em trabalho de parto. Quer acompanhar?

Todos me olharam num instante. Olhares curiosos, felizes, ansiosos. Minhas pernas estavam bambas, mas ainda pude aplicar forças para me levantar. Larguei apenas meu celular com a Gemma e segui a enfermeira para o corredor de Emergência enquanto vestia o avental, touca e luvas de higiene para acompanhar a cirurgia.

Entramos na sala e de cara avistei a mesa de cirurgia no centro. Pequenas cortinas de pano tapavam a visão do tronco de Christinne e os enfermeiros trabalhavam rapidamente desembrulhando as ferramentas cirúrgicas.

– Oi meu amor. Tá tudo bem aí? – andei até o lado da cabeça da Chris e ela sorriu assentindo. – Consegue falar?
– Sim, mas não quero chorar. – respondeu emocionada. Sorri de canto e segurei sua mão. Enquanto a olhava, constei que usava o terço que eu havia lhe dado.
– Senhor, você precisa se afastar. – um dos enfermeiros pediu, me empurrando de leve para trás. Minhas mãos estavam trêmulas. O momento era tenso demais e aquele barulho da máquina de batimentos cardíacos me deixava mais agoniado ainda.
– Corte realizado com êxito! – uma das enfermeiras anunciava para os outros profissionais. O médico colocou a tesoura na bandeja de prata em minha frente e o meu estômago embrulhou com tanto sangue.

Olhei para Christinne, só me certificando de que ela ainda estava viva depois de ter pedido a metade do sangue do corpo. Mentira! Eu exagerei um pouco.

– Ela já está aí? – Chris perguntou sorrindo boba.
– Calma, mamãe. Aguenta esse coração! – a enfermeira brincou sorrindo. – Já estamos vendo o pezinho dela.

Coração disparado com sucesso! Logo o pezinho que tanto chutou Christinne esses meses inteiros e eu quero tanto vê-lo de perto...

– Ela já está vindo. – um dos médicos anunciou. Tentei me aproximar discretamente, fiquei na ponta dos pés, só para tentar ver um pedacinho dela. Minha ansiedade era ilimitada. – Só mais um pouquinho e... Tá quase, calma, quase... Aê!

E então a enfermeira ergueu a menina mais linda de toda a minha vida. Ela chorava, berrava, com todas as forças, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas incontroláveis. Christinne estava aos prantos, apenas escutando seu choro ecoar pela sala.

– Muito saudável! Quanto orgulho! – a enfermeira elogiou enquanto a levava para cortar o cordão umbilical. Puseram uma pulseira branca em seu pulso e se aproximaram com ela em minha direção.
– Parabéns, papai! – a enfermeira disse me entregando Zoe.

Segurei-a com toda delicadeza possível, sentindo o nervoso de ainda ser molenga demais. Olhei-a por longos segundos, com aqueles olhinhos fechados, boquinha rosada,  mãozinhas miúdas... Ela era perfeita! Tão perfeita, mas tão perfeita, que eu começava a achar que estava dormindo e sonhando com o parto.

– Zoe? Ei, Zoe! Quer dar um oi pra mamãe? – perguntei me aproximando da mesa de cirurgia e Christinne sorriu, com o rosto banhado de lágrimas. Inclinei a pequena perto de seu rosto e ela chorou mais um pouco. Devia estar agoniada por não poder tocá-la, por conta da anestesia geral. Era uma pena!

[...]

– Zoe nasceu! – voltei para a recepção, anunciando com um sorriso no rosto. Os caras se levantaram gritando e comemorando, pulando em cima de mim. Minha mãe e minha sogra apenas choravam emocionadas, se abraçando e dando "Graças a Deus".
– Cadê? Eu quero ver minha afilhada! – Louis se soltou do abraço, secando as lágrimas. Até mesmo Zayn, o badboy, estava chorando emocionado. Eu deveria ter trago uma câmera pra guardar essa cena eternamente. Ah, se deveria!
– Acalmem-se! Christinne está passando pela cirurgia pra fechar o corte e ainda vai amamentá-la. O doutor pediu que esperássemos no máximo, uns quarenta minutos.
– Ainda?! – Gemma se exaltou e a recepcionista nos pediu silêncio pela milésima vez. *risos.
– Mas vocês não vão se arrepender de esperar. Minha filha é linda!
– Ownnn!
– Vocês precisam ver! Ela é a minha cara!
– Iiih, coitada, hein?
– Cala a boca, Louis! – empurrei seu ombro e ele riu.


– Chris

Os movimentos dos braços tinham se recuperado. A enfermeira Rita estava terminando de enrolar minha princesa no mantinho rosa para me entregar. Minhas estruturas se abalavam só de escutá-la fazendo alguns gemidos, choramingando, ameaçando choro... Finalmente eu a tinha em minha frente!

– Olha sua pequena aqui. – Rita se aproximou sorrindo pra ela e me entregou nos braços.

As palavras sumiram. Tudo o que eu queria dizer pra ela, simplesmente saiu em forma de lágrimas. Escorrei meus dedos até suas mãozinhas delicadas e toquei seus dedos de leve, sentindo o calor que ela me passava. Acariciei seu rosto passando por testa, bochechas, nariz, lábios, queixo... Tudo tão pequeno, tão adorável, perfeito! Como eu poderia ter feito algo tão lindo? Sem dúvidas é a obra mais perfeita que já consegui criar.

– Você precisa amamentá-la agora. Quer que eu te ajude?
– Éem.. Tá. – respondi um pouco receada. Será que eu não era capaz de amamentá-la sozinha?

Desci um pouco a alça da camisola de hospital e induzi Zoe a se alimentar em um dos seios. Ela demorou um pouco achar, o que foi engraçadinho, mas foi um pouco dolorido senti-la me sugando feito um sanguessuga. Ela estava com uma fome de cinquenta mendigos.

– Nossa! É assim mesmo? – perguntei preocupada á enfermeira e ela sorriu assentindo. Voltei a olhar pra Zoe e acabei sorrindo automaticamente. Beijei sua testa e deitei a cabeça no travesseiro enquanto aguardava ela terminar de se alimentar.



– Harry S.

Meu tweet já tinha uma repercussão mundial. Todos estavam eufóricos com o nascimento da Zoe, só se falava daquilo no Twitter. Falando bem ou não, o assunto era apenas esse. A maioria pedia um foto, queriam vê-la, estavam á fim de saber á quem tinha puxado. Modéstia parte, puxou a mim, né? Por favor.

Desliguei o celular por um instante e fui até a recepção pra saber mais notícias de Christinne. Ela disse que a cirurgia já tinha acabado e agora ela estava terminando de amamentar Zoe. Eu estava ansioso demais para segurá-la novamente, nem que fosse por trinta segundos como antes, mas eu só queria ficar com ela. Minha mãe e minha sogra também estavam loucas para vê-la, até porque elas ainda não tiveram a oportunidade, mas a recepcionista disse que se esperássemos mais um pouco, poderíamos ir até o berçário vê-la.

[...]

– Olha ela ali! – apontei para o único bebê do berçário. A enfermeira acabava de trazer mais um para o berçário, mas nós apenas observamos do vidro externo.
– Oh, que fofa! – Gemma colou os olhos no vidro, desesperada para vê-la o melhor possível.
– Olha! Já está até de olhos abertos. – minha mãe quem notou. Olhei atentamente e tirei a dúvida. Sim, ela já tinha aberto os olhinhos. Alegria infinita, já que eu estava doido para ver esses olhinhos me olhando.
– Nossa! Mas é tão pequena. – Niall disse surpreso. As vezes ele não tem senso, eu sei.
– Você queria que ela nascesse como? Com o tamanho de uma jogadora de basquete? – perguntei ironico. – Ela nasceu hoje, Niall!
– Vocês gostariam de visitar a mãe? – a enfermeira se aproximou, nos olhando um por um. – Mas apenas três!

Combinamos de ir eu, minha mãe e a minha sogra. Ah, como eu gosto de chamá-la assim, notou? Sogra! Acho que já posso chamá-la assim, já que estamos noivos. Wow! Tem que pensar em casamento logo logo. Não quero ficar apenas noivo por muito tempo. Já somos uma família. Jovem, mas uma família.

– Ai, minha filha!
– Calma, mãe. Não me sufoca! – Chris pediu enquanto sua mãe a abraçava emocionada. – Oi Anne!
– Fez um ótimo trabalho, querida! – minha mãe a elogiou. – Zoe é um anjo!

Ei! NÓS fizemos um ótimo trabalho! Por que ninguém me elogia?

– Eu fiquei tão pouco tempo com ela... – disse chorosa. – Já estou com saudade.
– Somos dois. – disse me aproximando para beijá-la rapidamente. – Ela é linda, Chris. Puxou totalmente á mim. – brinquei e ela deu um tapa em meu braço. – Não, mas agora é sério. Ela é mais que linda, ela é perfeita. Sabe, nem parece que veio de mim.
– Gemma está eufórica para vê-la.
– Eu imagino, Anne. Ela não parava de falar em Zoe ultimamente. – Chris riu.
– Já estava acostumado com o seu barrigão, mas agora... – olhei para o lençol fazendo uma linha reta em seu corpo. Aquela barriga tinha, definitivamente, ido embora.
– Graças a Deus! Aquela barriga pode ser lindinha e etc, mas eu prefiro a minha original. – respondeu pondo as duas mãos sobre a barriga e em seguida uma cara de dor.
– O que foi? – olhei-a preocupado.
– Eu esqueci dos pontos. – disse rindo e acabamos rindo também.
– Daqui a pouco vai sarar. Eu vou cuidar de você. – beijei sua testa e sentei na poltrona ao lado da cama.
– Éer... Então... Eu e Anne vamos ir ali fora... Beber uma água... Pegar um ar... – minha sogra olhava pra minha mãe com cumplicidade. Eu e Chris nos entreolhamos e seguramos uma risada.
– É mesmo! Eu tô morrendo de sede! Vamos lá fora. Até mais, crianças! – minha mãe disse saindo de fininho.

Até quando ela vai nos chamar de crianças? *risos.

– Acho que elas queriam nos deixar á sós. Eu apenas acho! – Chris disse debochada e rimos.
– Tá tudo bem agora? – perguntei me recuperando dos risos.
– Está tudo ótimo! Mesmo com essa dor, está perfeito! – respondeu com um sorriso. – Zoe finalmente está aqui.
– É, ainda não consigo acreditar. – sorri de canto. – Estou tão orgulhoso de você...
– Por que? – perguntou com um sorriso surpreso.
– Além de me fazer o homem mais feliz desse mundo, todos os dias, me deu uma filha maravilhosa.
– Não conseguiria sem você.
– Mas eu não estaria numa loucura dessas se não fosse com você.

Ela sorriu largamente e ficou me olhando por incansáveis minutos.

– Eu te amo! – finalmente se pronunciou.
– Eu também te amo, amor. – respondi segurando sua mão. – Você e Zoe são minha vida agora. Não precisa se preocupar com nada, eu vou cuidar de vocês duas sempre. Sempre! – me inclinei um pouco e selei nossos lábios.






Vas Happenin?
Zozo nasceeeu! Que fofa! <3
O que acharam do capítulo?
Malikisses, Biia.









2 comentários

  1. Fofura eh pouco pra descrever! Per-fect <3 continuaaaaa Bia

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  2. Oiii sou eu Cecília, nesses próximos dias eu vou ter que comentar como anônimo pq estou tendo que ler pelo pc!
    Esse capítulo foi simplesmente perfect!!!!!!! pra falar vdd perfect é pouco pra descrever tudo!
    continuaaa
    malikisses

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